Em um mundo onde até grandes marcas de fast fashion estão falando em ESG, onde plástico reciclado virou moda (literalmente), e onde cada feed parece uma competição de quem salva o planeta com mais estilo, manter a coerência virou um ato de resistência. A Marulho — que transforma redes de pesca descartadas em produtos com design e propósito — decidiu abrir o jogo.
Este é um manual sincero (e bem-humorado) de como uma marca de impacto sobrevive em 2025 sem perder a alma, sem virar tendência passageira e, principalmente, sem vender greenwashing disfarçado de lifestyle.
1. Sustentabilidade não é filtro verde
Já tentamos fazer posts lindos com folhas e frases inspiradoras. Mas o que mais engaja ainda é vídeo de gatinho. Seguimos insistindo. Porque, pra gente, ser sustentável vai muito além do visual bonitinho no Instagram. É sobre escolhas difíceis, processos lentos e muita conversa séria por trás de cada produto.
2. Rede de pesca não é só matéria-prima, é responsabilidade
Cada metro que reaproveitamos carrega histórias, riscos e trabalho manual. Não é só design — é compromisso com quem vive do mar e depende dele pra sobreviver. É entender que o que tá no seu ombro começou no fundo do oceano e passou por muitas mãos até virar bolsa, fruteira ou sandália.
3. Vender é difícil. Vender com propósito e preço justo é heroísmo.
Sim, nosso custo é maior. Sim, a margem é menor. Não, não temos um fundo de investimento por trás. Só muita teimosia e verdade. Num cenário em que 65% dos negócios de impacto operam com margens apertadas e 83% relatam dificuldades pra escalar, seguir em frente já é, por si só, uma vitória.
4. ESG virou buzzword — a gente prefere impacto real
Enquanto relatórios de sustentabilidade saem mais rápido que nossos boletos, seguimos costurando rede por rede e entregando rastreabilidade de verdade. Pra gente, ESG não é sigla bonita no pitch — é prática no dia a dia. E prática que custa caro, exige fôlego e, muitas vezes, passa batida no feed.
5. A moda da “marca do bem” vai passar. A Marulho fica.
Porque a gente não é uma tendência — somos parte de uma transição. Uma maré lenta, mas que vem pra ficar. Enquanto a maioria dos consumidores ainda não sabe reconhecer uma marca realmente sustentável sem ajuda, a gente continua aqui, com os pés na areia e os olhos no horizonte.
Dados que ajudam a explicar (quase) tudo isso:
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66% dos brasileiros nunca ouviram falar da sigla ESG.
Fonte: Grupo Boticário + Instituto Locomotiva -
69% dos CEOs dizem aplicar ESG, mas só 23% da população acredita nisso.
Fonte: Mapa ESG Brasil (Plano/Mynd) + Ipsos -
56% dos consumidores brasileiros já deixaram de comprar de marcas que não investem em sustentabilidade.
Fonte: Kantar -
Só 10% dos consumidores conseguem reconhecer marcas realmente sustentáveis sem ajuda.
Fonte: Union+Webster / Akatu -
640 mil toneladas de equipamentos de pesca são abandonados no mar todos os anos.
Fonte: Ocean Conservancy / The Ocean Cleanup -
No Brasil, são 580 kg de redes descartadas por dia, afetando cerca de 69 mil animais marinhos diariamente.
Fonte: National Geographic Brasil
A Marulho não quer salvar o mundo sozinha. E nem precisa ser perfeita. Mas seguimos aqui, costurando rede por rede, história por história, produto por produto. E, com sorte, inspirando quem também acredita que propósito não precisa de holofote pra brilhar.
Se quiser saber mais, conversar, replicar ou apoiar — estamos sempre de rede aberta. 🌊