Do algodão ao plástico: uma transformação que saiu do controle
Durante muito tempo, as redes de pesca eram feitas de fibras naturais, como algodão ou cânhamo. Elas se degradavam com o tempo e, quando perdidas no mar, não causavam grandes impactos ambientais. Mas tudo mudou com a chegada do plástico na indústria pesqueira. Hoje, a maior parte das redes é feita de nylon e polietileno — materiais duráveis, baratos e praticamente indestrutíveis no ambiente marinho.
Essa transformação, que parecia um avanço tecnológico, trouxe consequências graves para os oceanos. Quando redes são descartadas ou perdidas, elas continuam pescando sozinhas por décadas. É o que chamamos de pesca fantasma.
O que é a pesca fantasma?
A pesca fantasma ocorre quando redes e equipamentos de pesca perdidos, abandonados ou descartados continuam ativos no oceano. Eles aprisionam peixes, tartarugas, golfinhos, aves e até baleias — causando sofrimento, morte e desequilíbrio em ecossistemas inteiros.
Segundo a FAO e o PNUMA (Programa da ONU para o Meio Ambiente), cerca de 640 mil toneladas de equipamentos de pesca são perdidas ou descartadas nos oceanos todos os anos, o equivalente a mais de um caminhão por minuto.
Além disso, a Ghost Gear Initiative estima que as artes de pesca abandonadas representam até 10% de todo o lixo plástico marinho, mas são responsáveis por mais de 70% das mortes de animais de grande porte causadas por plásticos.
Por que redes de pesca são tão perigosas?
As redes sintéticas são projetadas para resistir à água salgada, ao sol e à força dos peixes. Isso significa que, quando abandonadas no mar, elas não se decompõem facilmente — podem durar centenas de anos. Enquanto isso, seguem matando silenciosamente.
Além dos impactos ecológicos, a pesca fantasma afeta a economia de comunidades costeiras e a segurança alimentar de milhões de pessoas que dependem do pescado como principal fonte de proteína.
O que pode ser feito?
Enfrentar esse problema exige mudanças em várias frentes:
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Melhor gestão de resíduos pesqueiros: incluir políticas de recolhimento, rastreamento e logística reversa.
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Educação e conscientização: tanto de pescadores quanto de consumidores.
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Apoio a alternativas sustentáveis: como a reciclagem de redes abandonadas e o uso de materiais biodegradáveis.
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Valorização da pesca artesanal: que, por operar em pequena escala e com técnicas seletivas, gera muito menos descarte de equipamentos.
Marulho: redes que não acabam em tragédia
Na Marulho, buscamos transformar esse problema em solução. A partir de redes descartadas que seriam lixo no oceano, criamos produtos artesanais com impacto positivo — gerando renda para comunitários caiçaras locais e evitando que toneladas de plástico parem no mar.
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